terça-feira, 31 de agosto de 2010

Bolo de Amêndoa e Gila

No Kitab al-Wusla, um dos mais antigos e notáveis livros de cozinha medieval árabe, faz-se largo uso de amêndoas. A longa permanência dos árabes na Península Ibérica , principalmente nas regiões do sul,  está na origem da introdução da amêndoa em muitas  receitas até porque segundo reza a história foram os árabes que durante  esse período introduziram a cultura da amendoeira. Juntando  esta antiga herança com o doce de gila que era confeccionado com preceito nos vários conventos ou mosteiros e que depois se vulgarizou junto do povo, temos pois uma combinação perfeita e bastante utilizada em muitas das receitas da doçaria tradicional Portuguesa, principalmente  no Alentejo.

Este bolo é também fruto dessa combinação e apesar da simplicidade da  confecção apresenta aquele sabor tão  especial que identifica um doce típico da nossa surpreendente doçaria.

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Ingredientes:

200g de açúcar

250g de doce de gila

250g de miolo de amêndoa ralada sem casca

5 ovos

50g de farinha

2 colheres de sopa de manteiga derretida

1 colher chá de canela moída

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Preparação:

Liga-se o forno a 180º C. Unta-se uma forma com manteiga e forra-se com papel de alumínio ou vegetal, que se unta com manteiga e polvilha com farinha.Misturam-se os ovos com o açúcar e bate-se durante 5 minutos.Em seguida adiciona-se a manteiga, a amêndoa ralada, o doce de gila, a farinha e a canela.Mistura-se bem e deita-se esta mistura dentro da forma. Leva-se a cozer cerca de 30 minutos ou até se verificar com um palito que está cozido.Desenforma-se quando estiver completamente frio.Pode polvilhar-se com açúcar em pó  e enfeitar com fios de ovos.

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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Cheesecake de Bacon e Chouriço

No Entardecer dos Dias de Verão

No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida (...)

                                              Alberto Caeiro

O entardecer dos dias de Verão vai-se aproximando do fim . Na vida nada é perfeito, tudo termina, por mais que isso traga uma certa melancolia pois gostaríamos que tudo o que nos traz alegria, emoção, prazer, perdurasse no tempo. No entanto  temos de continuar e  um novo ciclo se inicia. Se reflectirmos convenientemente concluímos que provavelmente  não daríamos tanta importância ás coisas boas como as férias, se elas fossem intermináveis.

Sendo assim vamos aproveitar o que a vida  tem de real, "senti-la com clareza"  e nada melhor do que voltar à cozinha e deixar-mo-nos levar pelas sensações de saborosas receitas.

Principio por isso este "pós férias" com uma  receita que é muito fácil de confeccionar e que é uma boa ideia para levar para um  agradável pic nic de final de Verão. É um bolo bastante húmido mas possui um sabor semelhante ao da tradicional bola de carne.

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Ingredientes:

200 gr de farinha com fermento

1 colher de sobremesa de açúcar

1 dl de azeite

150 gr de queijo creme ou requeijão

4 ovos

1 dl de vinho branco

200 gr de bacon em tirinhas

100 gr de chouriço em quadradinhos

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Preparação:

Numa tigela bata os ovos com o azeite durante 5 minutos. Junte o vinho e adicione a farinha e o açúcar. Junte o bacon, o chouriço e o queijo. Forre uma forma rectangular ou quadrada não muito grande com papel vegetal. Unte-a bem e deite a mistura na forma. Leve ao forno a 180º durante 30 minutos. Retire e deixe arrefecer um pouco. Pode saborear-se morna ou fria.

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Bolo de Água Mel

O bolo de água mel é uma receita alentejana que me foi facultada pela Mariana, uma simpática Oriolense, dona do supermercado da aldeia que me recebe amavelmente durante vários fins-de-semana por ano, desde há dez anos a esta data. Numa das várias conversas que se estendem para lá da compra do fantástico pão e de outras iguarias locais, surgiu a minha paixão pela culinária e palavra puxa palavra acabei a pedir às senhoras de Oriola, receitas tradicionais da aldeia e da região que ainda confeccionassem ou que estivessem esquecidas numa qualquer gaveta lá de casa. O pedido foi imediatamente aceite e a primeira receita que recebi foi esta que vou publicar hoje e que é um regalo para os sentidos. O aroma enquanto coze, o sabor , a cor, a textura húmida...enfim uma simples maravilha!

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Sobre o ingrediente principal do bolo, a água mel, posso dizer-vos que é  obtida a partir da fervura do resto da cera que ainda tem mel. Para saber se a água mel está em condições, basta deixar cair uma gota sobre a unha. Se ficar redondinha, pode tirar-se do fogo e guardar em frascos bem fechados. É mais escura do que o mel e com um sabor mais intenso, talvez menos doce. Não sei se encontramos facilmente água mel à venda nos habituais locais de compras. Eu comprei lá no supermercado da aldeia, mas nas lojas especializadas em produtos artesanais ou gourmet será provável que encontrem e assim possam  dedicar-se a fazer este delicioso bolo.

 

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Ingredientes:

6 ovos

3 chávenas de chá de açúcar

3 chávenas de chá de farinha

1 chávena de óleo

1 chávena  de leite

1 chávena  de água-mel

raspa de limão

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Preparação:

Batem-se as gemas com o açúcar, junta-se o leite e o óleo e mexe-se muito bem. Junta-se a água-mel e aos poucos a farinha e a raspa de limão. Levantam-se as claras em castelo e adicionam-se lentamente.

Vai ao forno a cozer em forma grande ou duas pequenas, com o fundo forrado com papel vegetal. Unta-se generosamente com manteiga e polvilha-se com farinha. Coze cerca de 1hora a 180º ou um pouco menos se o forno tiver tendência para queimar.

Deixa-se arrefecer   e desenforma-se.